A musicista conheceu a flauta transversal nas aulas da instituição

Vivian em visita ao estúdio musical do Instituto Formar (Foto: Ozonio Imprensa)

Estrela da campanha publicitária no Aeroport de Nice, série artística Air d’ici (Foto: arquivo pessoal)
Entre os anos de 2006 e 2008, Vivian Leite foi aluna de flauta transversal do Instituto Formar. A ligação com a música, no entanto, começou bem antes e nasceu dentro da família. “O Formar para mim tem uma cara familiar. Foi através do meu tio, João Leite, trombonista, que começou a carreira musical no Formar. Eu também tinha dois primos que estudavam trompete e fazíamos música juntos. Eles me incentivaram a entrar”, recorda.
Desde os 6 anos de idade Vivian tocava órgão na igreja e, aos 12 anos, viu o estudo de flauta na instituição como uma libertação. “Eu sabia que adorava música, mas faltava algo, que as teclas já não davam conta. Eu queria produzir um som, fui experimentar outros instrumentos. Eu queria produzir um som que saísse de mim. E foi a flauta que foi o instrumento.”
Dedicação exclusiva à música
Filha única, moradora do bairro Monte Rey, cresceu em uma família humilde, mas com um exemplo inspirador. “Se eu não tivesse o meu tio como referência, teria sido muito mais difícil. No contexto que eu vivia, uma mulher não podia tocar instrumento de sopro. No Formar, eu encontrei a liberdade de poder soprar e fazer música com o corpo inteiro. Foi um sopro de vida para mim”.
No Instituto formar, o seu professor foi Marcos Granado, e a experiência das aulas em grupo marcou profundamente sua formação. “Era incrível. Já começávamos tocando juntos, fazendo concertos, ajudando uns aos outros. Ensaiávamos no Engenho Central, um lugar mágico. Essa vivência me acompanha até hoje, mesmo atuando na França”, disse a musicista.
Base sólida e novos caminhos
Aos 14 anos, Vivian conquistou uma bolsa de estudos na Escola de Música de Piracicaba, fundada por Ernst Mahle, e cursou o ensino técnico em música, na época reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). “Foi um programa intenso, fiz dos 14 aos 17 anos. Estudava também na antiga Escola Industrial, era uma rotina puxada, mas que fez toda diferença na faculdade.”
Durante essa fase, começou a ampliar seus horizontes musicais em cursos no Conservatório de Tatuí e na Unicamp. “Ia uma vez por semana para Campinas fazer um curso livre. Isso foi abrindo minha cabeça para o mundo.”
Aos 17 anos, decidiu trilhar o próprio caminho e foi para São Paulo estudar com o renomado flautista Rogério Wolf, na Faculdade Cantareira. “A música é uma escolha cara, e consegui seguir por meio do Prouni. Minha vida mudou depois que fui aluna dele.”
Depois, ingressou no Instituto Bacarelli, na comunidade de Heliópolis em São Paulo, onde ficou por seis anos. “Ali me senti em casa. Era uma estrutura parecida com a do Formar. Toquei nos melhores palcos do Brasil e dei aulas para crianças em situação de vulnerabilidade. Foi uma experiência muito marcante.”
Um novo capítulo na França
Em 2015, o destino começou a apontar para fora do Brasil. Rogério Wolf, que integrava o júri de um concurso internacional, apresentou Vivian a uma professora francesa. “Monteí um portfólio, fiz prova em Genebra, minha primeira experiência internacional, e mesmo não passando, fiquei feliz. Eu sabia de onde vinha e isso me dava força.”
Três anos depois, em 2018, mudou-se para Nice, e hoje vive em Antibes, no sul da França. Lá, leciona no Conservatório Comunal de Valbonne e em uma escola de música municipal em Villeneuve-Loubet.
“Demorei um ano e meio para conseguir me expressar bem em francês. Trabalhei como vendedora em uma loja de bolsas enquanto estudava. Essa vivência foi essencial e me fez entender melhor o ser humano e até tocar melhor a flauta”, conta.
Vivian participou de uma campanha publicitária do Aeroporto de Nice, representando a música entre cinco artistas cuja matéria-prima é o ar. Já participou como solista da Orquestra Filarmônica de Mônaco, além de se apresentar em igrejas e com orquestras itinerantes, como a Passión Classic. Em 2024, liderou um projeto artístico-pedagógico com a cantora Camille Bertault, muito conhecida na França.
Uma artista completa e versátil
Hoje, Vivian Leite celebra o caminho percorrido com gratidão e consciência do papel transformador da arte. “No Brasil, a música erudita não é a nossa música. Mas foi ela que me deu asas”, afirma.
E deixa uma mensagem para os jovens que sonham seguir um caminho semelhante: “Nada é impossível se você tem pessoas e estrutura para te ajudar. Disciplina, determinação e paciência são fundamentais. E nunca esquecer a parte extramusical que é ser curioso, estudar idiomas, falar bem, assistir a filmes, cultivar bons relacionamentos. Isso eu aprendi no Formar e levo para a vida toda.”


