Contratações crescem em Piracicaba

    
O período de aprendizagem abriu as portas do mercado de trabalho para Mayara Fernanda de Oliveira, 18.

Ex-aprendiz do Instituto Formar, ela ingressou na faculdade e conseguiu um trabalho na Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba).

A trajetória profissional de Mayara teve início quando ela tinha apenas 15 anos.

“Entrei no Instituto Formar para integrar a banda e fiquei sabendo do programa de aprendizes. Nunca tinha trabalhado, não tinha nenhuma experiência”, disse.

O Instituto Formar oferece formação e emprego para aprendizes.

Conforme a lei 10.097/2000, regulamentada pelo decreto 5.598/2005, todas as empresas de médio e grande porte estão obrigadas a contratar adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos.

“Essa lei demorou para ser entendida pelos empresários, mesmo sendo uma determinação que ajuda as empresas. O aprendiz entra com nenhuma ou pouca experiência e é moldado dentro das diretrizes da empresa”, informou o gerente administrativo do Instituto Formar, Fábio do Amaral Sanches (foto).

Segundo ele, o aprendiz é diferente do estagiário.

“A diferença principal é que estagiário é de nível superior e aprendiz não. O aprendiz pode ter qualquer ocupação dentro do setor administrativo de uma empresa, como recepção, atendimento ao cliente, departamento financeiro, RH, compras.”

Mayara trabalhou na área de vendas, RH, recepção e até controle de tráfego de uma empresa de ônibus de Piracicaba.

O contrato de dois anos — tempo obrigatório da aprendizagem — foi a porta de entrada da jovem para o mercado de trabalho.

“A Acipi pediu indicação no Formar para uma vaga no setor do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) e como eu tinha sido aprendiz, fui indicada. Estava procurando trabalho e abracei essa oportunidade”, afirmou.

GUARDA-MIRIM – De acordo com Sanches, os aprendizes — antigamente chamados de guardas-mirins — têm entre 14 e 24 anos.

Porém, eles já chegaram a ter apenas 11 anos quando a legislação permitia trabalhar com menos idade.

“O guarda-mirim começou como um trabalho de recolhimento de meninos, que eram encaminhados para o clube do engraxate. Esse trabalho foi evoluindo e, no próximo ano, completamos 50 anos”, relatou Sanches, que é um ex-guarda-mirim.

“Fui aprendiz com 12 anos, nessa época ainda podia entrar novo assim. Hoje, metade dos funcionários do Instituto Formar são ex-aprendizes. No poder público, em grandes empresas de Piracicaba, muitos profissionais são ex-aprendizes”, informou.

Mayara é uma ex-aprendiz que está trilhando o caminho profissional.

Durante a aprendizagem, cursou um ano de Administração e, neste ano, começou a se preparar para prestar novamente o vestibular.

“Decidi que quero ser psicóloga para trabalhar com conciliação. Não tenho dúvidas que as minhas escolhas foram feitas após o período de experiência como aprendiz.”

APRENDIZ – Atualmente, o Instituto Formar possui 490 aprendizes, todos estudando e trabalhando.

“O aprendiz tem que estar matriculado na escola, participar das aulas do instituto e ter vínculo empregatício. O contrato de aprendiz dura dois anos e tem carga horária diária de seis horas, remuneração de acordo com o piso estadual da categoria e todos os direitos trabalhistas”, informou Sanches.

O registro na Carteira de Trabalho é feito pela instituição, que promove o programa de aprendizagem.

Segundo Sanches, em Piracicaba, duas instituições são habilitadas: Instituto Formar e CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola).

“A aprendizagem tem que estar vinculada a uma instituição habilitada. Existem muitas denúncias de pessoas que pagam por um curso de formação e não são integradas a um programa de aprendizagem, pois as empresas só fecham parcerias com instituições habilitadas para prestar esse serviço”, relatou.

No Instituto Formar, os 490 aprendizes participam do curso de formação, gratuitamente, e são inseridos em vagas de trabalho.

“Nosso objetivo é formar os futuros profissionais de Piracicaba e, felizmente, muitas empresas querem ajudar nessa formação.”

FUTURA JORNALISTA – Aprendiz há quase dois anos, Jhenefer Daiane Araújo da Silva, 17, quer ser jornalista.

“Trabalho na biblioteca da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e acabei conhecendo o curso de Jornalismo. Esse contato me fez querer ser jornalista. Estou me preparando para o vestibular”, disse.

Para Jhenefer, toda experiência como aprendiz será levada para a vida profissional.

“O Formar me ensinou como me comportar no trabalho, comunicação com as pessoas, além dos ensinamentos para o crescimento pessoal. Quando for jornalista, vou lembrar do meu primeiro emprego como aprendiz. Foi uma experiência gratificante, que todo jovem deveria ter.”

 

Fonte: Jornal de Piracicaba


 

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